By all of the petty things that I couldn’t do*

Idade adulta. 18 anos. Quando você só queria ter 15, decidir sobre a formatura e dizer para aquele cara que lhe desprezou o quanto ele era babaca. Contar para todo mundo que você ficou com a mina gostosa do colégio, não falou porque teve medo do que pensariam. (Ou a mina ficou com você, mas está tudo tão embaçado agora que você é adulta, quase velha, uma imagem em preto e branco na cabeça de uma criança). Quando você ainda tinha medo do que pensariam.

Adulta. Você agora tem medo do que pensa. Trai-se a cada instante. Ainda pensa em fugir, como quis quando passou pelo Grande Horror. Quase velha, você ainda se acha estranha demais, grande demais, inadequada demais. Antes era para o mundo e os outros. Na metade da vida, tem certeza de que é errada para si mesma.

Crescida, mas sem passar da altura que tinha aos 12 anos. A responsabilidade da vida adulta lhe atingiu como uma bola de canhão. E você agora vive com o buraco que ela lhe deixou. Grande, mas não inteira.

Jovem senhora. Nem se lembra mais do antes. Mentira, lembra sim, porque tudo ficou congelado. Os bailinhos, o primeiro porre, os cigarros. Nunca fumou maconha, nunca cheirou. Foi careta demais nesse sentido. Fugia e se escondia dentro da própria cabeça.

Velha. Sente-se velha. Lembra-se da primeira vez que se sentiu assim e desde então tem envelhecido muito todos os dias. A velhice não é leve. Não é estado de espírito. Não é aceitação. É fato. Do tipo que leva uma vida toda para acontecer.

*Electric Guests, This Head I Hold.

Autor: veronyx

"I am not a smile." - SP

4 comentários em “By all of the petty things that I couldn’t do*”

  1. Adorei esse post. Eu tenho sentimentos contraditórios sobre envelhecer (mas né, no que não tenho sentimentos contraditórios?),porque eu tive um péssima infância e uma adolescência horrível. Aí várias coisas agora estão muito melhores. Mas eu já cheguei na idade em que a comparação é com os 20 e poucos, 30. Aí sim, levo uma lavada. E tenho que fazer um esforço pra ver o que é ou pode ser melhor agora…

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    1. Uma das coisas que realmente melhorou para mim é que passei a não valorizar o que os outros pensam sobre a minha pessoa; em compensação, o que eu penso passou a ter um peso muito maior e por vezes bem complicado de carregar.

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O Mundo de Gaya

Um Mundo de Paz e Luz

Eu, nós dois e todo mundo

Sobre amor e falta dele, otimismo, utopia e desconforto. Uma caricatura de pós-moderno em um mundo todo louco.